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JORNADAS QUE ME CURAM: eu só quero viver

Se você chegou aqui de paraquedas, talvez queira começar pelo começo. No Dia 1 eu falei sobre o quanto a estrada já começou a me transformar antes mesmo de chegar clica aqui pra ler.

E no Dia 2 eu contei como a Chapada me fez lembrar que a vida é feita de instantes e de conexões que não precisam de roteiro clica aqui pra ler.

Agora bora seguir pro Dia 3 porque esse foi intenso do começo ao fim.

 

 

28 de maio de 2025 - quarta-feira


Acordar cedo sempre foi um peso na minha vida, eu sempre me arrasto, sempre adio, sempre questiono porque eu preciso levantar, mas aqui… aqui era diferente. Era difícil sair da cama por causa do friozinho da manhã, confesso, mas era o menor dos problemas, porque vontade de ir viver o dia que estava começando eu tinha de sobra. A Chapada me dava essa vontade de levantar, de viver, de colocar o pé no chão e ir. Eu sentia que o dia tava me esperando, sabe? Como se a natureza dissesse “vem, eu preparei tudo isso pra você”. E eu queria viver, eu queria sentir, eu queria estar ali.


No café da manhã tocou Charlie Brown com Forfun e não tinha música melhor praquele momento, porque parece que tudo que eu tava sentindo tava ali na letra, a música: O Universo a nosso favor, "e nada é mais eficaz que o pensamento positivo amplificado", e eu ficava repetindo isso dentro de mim porque é real, é isso, não adianta só pensar positivo, você tem que sentir aquilo, tem que acreditar, tem que colocar isso no corpo, no coração, e aí o universo entende, aí ele entrega.


O universo sempre entrega.

E eu tava sentindo, eu tava vibrando, eu tava ali, inteira.


Depois de um tempo tocou Morada, do Forfun também e bateu diferente porque primeiro é uma das minhas músicas favoritas, e segundo tem uma parte que fazia muito sentido com tudo o que a viagem estava trazendo: "o passado eu deixei nesse instante e com ele meus planos futuros pra poder seguir", e foi ali, tomando café, que eu percebi que às vezes a gente tá tão preso no que passou ou no que quer construir que esquece de viver o agora. E eu queria estar ali, agora, sem passado, sem futuro, só vivendo. Foi uma viagem inteira me mostrando isso o tempo todo: solta, confia, deixa ser.

O universo vai dar um jeito, sempre dá.

Aí pegamos a estrada rumo às cachoeiras, o caminho mais longo que faríamos, com asfalto mas também muita estrada de terra, natureza pra todo lado, música tocando, e aí vem outra música: "dias que não deixaremos para trás": e pronto, era isso, era exatamente isso. Eu não ia deixar pra trás. Nenhum segundo, nenhuma risada, nenhum mergulho, nenhuma conversa. Tudo ia ficar comigo pra sempre, guardado, tatuado na alma.


E pra confirmar todos os meus sentimentos, passamos pelo carro do Google no caminho, agora fomos realmente eternizados ali, na Chapada, em algum canto do Street View.

Santa Bárbara foi a primeira do dia.


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A trilha cansa, não vou mentir, tem subida, tem calor, tem sol, aquele sol de fritar as ideias, mas quando você chega e vê aquela água azul, surreal, cristalina, que parece mentira, que parece photoshop, você esquece do cansaço. A gente chegou cedo, quase não tinha ninguém, foi perfeito. A gente ficou ali, brincando, rindo, mergulhando, filmando debaixo d’água. Foi uma das cachoeiras que a gente mais ficou junto, mais conectado, mais entregue, parecia que o tempo tinha parado ali, só pra gente viver aquilo. Voltamos comendo no caminho, lanche rápido, porque ainda tinha chão.


E aí veio Capivaras.

E meu Deus do céu, Capivaras… eu nem sei por onde começar. A trilha foi longa, a gente já tava cansado, parecia que não ia chegar nunca, mas quando chegou… quando chegou… não tenho palavras.

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Era lindo demais, era forte demais, era natureza no estado mais bruto e mais perfeito que eu já vi. A queda d’água, a cor, as pedras, tudo era surreal. Cada cachoeira tinha me marcado de um jeito, mas Capivaras me pegou diferente. Não era fria como a do Segredo, não era perfeita e instagramável como Santa Bárbara. Era intensa, era forte, era imensa, era real.

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Ali eu vivi um momento só meu. Entrei debaixo da queda, sentei na pedra, deixei a água cair, como se lavasse tudo, como se dissesse “tá tudo bem, você tá aqui, viva, inteira, pronta pra recomeçar quantas vezes for preciso”. Foi a única que eu me senti segura pra isso, e foi lindo, foi meu, foi sagrado.


Depois cada um foi pro seu canto e eu e Giugiu sentamos e conversamos. E ali nasceu outra coisa importante.


A gente falou sobre gentileza, sobre como é fácil ser gentil com o outro e como é difícil ser gentil com a gente mesma, como a gente se cobra, se culpa, se maltrata. E foi uma conversa de muita entrega, a gente se olhou, se abraçou, chorou, riu, porque amizade é isso, né? E foi um dos momentos mais lindos, mais verdadeiros, mais humanos da viagem. Porque a gente se viu, de verdade: duas mulheres vulneráveis, aprendendo, se apoiando, se amando na amizade, algo que vai ficar pra sempre.


Na volta ainda paramos numa outra cachoeirinha mais acima da principal e parecia um parque de diversão de gente grande, cada um brincando do seu jeito, Giugiu fazendo parada de mão, Gui e Edu fotografando, Fran e Monka no sol, Murilo e eu na água. Cada um no seu momento, mas todo mundo junto, respeitando, vivendo.

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No final de nossa passada por Cavalvante, tivemos um almoço na comunidade quilombola, comida simples, feita com amor, fogão à lenha. E de novo, a lição: viver é isso, simples assim. Quando voltamos pro Airbnb, eu e Edu ficamos um pouco mais pra trás e a gente conversou, eu não quero entrar no assunto, não importa o tema, o que importa é que eu senti ali (mais uma vez Universo me mostrando) como é importante conversar, principalmente em começo de uma relação (e aqui vale para qualquer tipo), principalmente quando ainda tá tudo se ajustando, se entendendo.


Conversa difíceis e chatas deixam a vida mais leve e fácil. Conversar é um ato de amor, de cuidado, de presença.

E aí a gente foi pro centrinho de Alto Paraíso, comer o famoso pastel de doce de leite com sorvete de canela, Juma tinha dito: Juli, é a melhor sobremesa da vida, você tem que comer. E eu fui e levei todo mundo comigo, foi uma experiência gastronômica maravilhosa, real. Aquela comida que faz barulho na alma, que te faz querer lamber os dedos e pedir bis (bem dooooooooce, mas uma delícia).


A gente comeu, riu, conversou mais um pouco, mas voltamos cedo porque o corpo já pedia cama, todo mundo cansado, e tinha mais Chapada esperando pela gente no dia seguinte.


E eu lembrei da minha intenção, daquela pergunta que tava aqui dentro desde o começo: o que eu quero pra minha vida? E nesse momento, sem nem precisar pensar muito, como se fosse a resposta mais clara e verdadeira que eu já ouvi vinda de mim mesma, eu só conseguia repetir dentro da minha cabeça:

eu quero viver! Viver de verdade, ver o mundo, conhecer novas culturas, ver novas paisagens, sentir a energia dos lugares, cruzar com pessoas diferentes, ouvir histórias, criar novas, e entender que tudo isso também é sobre mim. Sobre quem eu sou, sobre quem eu tô me tornando. No fundo, tudo o que eu quero é isso: eu quero viver!

E eu fui dormir com aquela sensação boa de quem tá vivendo tudo, de quem tá sentindo tudo, de quem não vai deixar nenhum desses dias pra trás.


E no dia seguinte… bom, no dia seguinte meu corpo começou a sentir tudo. Sabe quando a alma tá voando mas o físico pede pausa? É, chegou esse momento também, mas só depois de aproveitar muito, mas muito mesmo o dia.


E mesmo assim, a Chapada não decepcionou, te conto mais no Dia 4 :)


Vamos juntas? Deixe seu comentário sobre o que achou aqui ou lá no post do Instagram, eu vou AMAR saber como ressoou por ai!



 
 
 

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