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A primeira vez que eu fui para a praia sozinha...

Desde que me conheço por gente, sempre gostei de fazer tudo acompanhada, seja ir à padaria, seja a uma festa; não importava a ocasião, eu sempre buscava ter alguém por perto.


Na vida adulta, a gente aprende – na força do ódio mesmo – a realizar muitas tarefas do dia a dia sozinha, como ir ao mercado, à farmácia e afins. Ficar sem ninguém nunca foi um problema para mim… desde que eu estivesse em casa.


Gosto da solidão, gosto de ficar comigo mesma. Porém, quando se trata de estar em um lugar com mais pessoas, estar sozinha sempre me sufocou – era como se eu fosse uma intrusa em um ambiente onde todos se sentiam bem.


Eu amo estar na praia. Sei que essa afirmação, depois das primeiras linhas, pode parecer meio aleatória, mas confie em mim e continua. Nessa sexta-feira, dia sete de março, fiz algo pela primeira vez depois de um tempo, e foi incrível: fui à praia sozinha.


É incrível como o mar silencia tudo dentro de mim.

Sozinha, em uma praia praticamente deserta, vivi uma das experiências mais íntimas comigo mesma.


Fiquei embaixo do guarda-sol com um livro e uma vista incrível. As ondas, quase inexistentes, faziam um som que era como música para os meus ouvidos. Contudo, para ser sincera, os primeiros minutos não foram tão agradáveis.


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Eu me senti um pouco insegura, sem saber direito o que fazer. Passei protetor, rezando para que minhas costas não ficassem manchadas, afinal, era quase o sol do meio-dia. Por sorte, eu tinha um guarda-sol. Arrumei minha toalha na sombra e sentei para ler, mas não estava confortável. Mudei de posição, olhei para o mar, peguei o celular, respirei fundo e tentei encontrar uma postura que me fizesse me sentir melhor.


Encontrei, e sorri sozinha, aliviada.


E foi só a partir daí que minha experiência começou a se transformar.


Concentrei-me no livro por algumas páginas, quando percebi algo que me fez perder totalmente a concentração: estou vivendo a vida que sempre quis, a de estar em qualquer lugar, de conhecer lugares novos, de viver experiências diferentes. Sorri, sorri muito, e meus olhos se encheram de lágrimas, pois entendi que, apesar das dificuldades que venho enfrentando e trabalhando, estou exatamente onde deveria estar e, de fato, estou feliz.


Depois disso, o livro já não me prendia tanto, e como o calor estava bem intenso, decidi guardar minhas coisas e deixá-las embaixo do guarda-sol, então, levantei e fui para o mar.


Quando a água tocou meus pés, ela estava quente, não gelada, nem morna, mas verdadeiramente quente. Após dois ou três passos, a temperatura foi ficando mais fresquinha. O mar estava super tranquilo, praticamente sem ondas. Apesar de, no início, estar um pouco sujo – com muitas algas e pedacinhos de madeira – quando a água passava da altura dos joelhos, ela ficava bem mais limpa.


Não havia mais ninguém: só eu, o céu, o mar. Por um milagre divino, meus pensamentos simplesmente desapareceram. O mar conseguiu silenciar a tagarela que habita dentro de mim, que nunca para nem por um minuto.


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Era como se eu estivesse, e realmente estava, em um longo banho de imersão, refazendo e curando tudo dentro de mim que precisava. Foi como um abraço quentinho do Universo, me dizendo que os meus sonhos não precisavam de limites; eles precisavam, sim, era de mais fé e coragem.


Ao sair do mar, próximo ao meu guarda-sol, havia uma família com uma caixa de som. A música que tocava era:

Livre pra poder sorrir, sim Livre pra poder buscar o meu lugar ao Sol O amor é assim, é a paz de Deus em sua casa O amor é assim, é a paz de Deus que nunca acaba Nossas vidas, nossos sonhos têm o mesmo valor

Passar algumas horas na praia sozinha reacendeu em mim a esperança, e isso foi algo que me surpreendeu, pois eu acreditava que ela nunca tivesse me abandonado, mas ela tinha.


Me ouvir, me permitir viver o momento sem preocupações (não que elas não existam, acredite, elas me tiram o sono) e desfrutar de um instante de puro prazer e descanso, sem culpa, foi o auge para mim.


Eu fui (e estou) muito feliz.

Peguei uma conchinha na praia para sempre me lembrar desse dia.


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E por isso te pergunto:

qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?


 
 
 

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